Toda vez que termino um livro a primeira palavra que me vem à cabeça talvez seja essa mesma, terminei. Porque deixo de te-lo em páginas. Aquelas páginas que tomaram chuva, que receberam uns grifos meus, que pesaram na minha mochila por dias. Aquelas páginas brancas-amarelas com letras terminaram. Fim. Está lá, escrito fim nas páginas agora amassadas, borradas, machucadas. O livro termina em páginas mas agora estão em mim. Inteiras. Todas elas, com chuva, com risco, com peso. Todas. Em. Mim.
E foi exatamente isso o que escrevi logo em seguida do fim do livro que tinha acabado de terminar de ler. Foi no meu caderninho, dentro do ônibus com a letra trêmula da irregularidade do combo rua esburacada-ônibus capenga que eu escrevi isso. E foi ela, Gabrielle Hamilton a responsável. Ela e seu Sangue, Ossos & Manteiga. Ela escreveu sobre sua vida, seus sabores e eu fui devorando cada palavra, cada coisa linda que li ali, naquelas páginas. Eu costumo fazer de grandes mulheres que sabem contar suas histórias minhas musas e ela entrou para a lista. Porque ela cita Jo Carson (“cuidado com o que você aprende a fazer bem, porque é o que vai fazer pelo resto da vida”) e escreve petardos maravilhosos como esse: “gosto de sentir a rotina me ancorando, não me algemando. O que adoro nos italianos é exatamente o que eu também não gosto: a incrível fixação da rotina, da tradição, a conservação quase patológica do hábito (…). Foi assim que países mais antigos que o nosso se tornaram tão ricos em tradições. Repetição. Séculos de repetição.”
Grande garota.
Postado por: Antonio
O video me lembra aqueles cartões que a gente abre e, ao abrir, um mundo espacial se apresenta. São planos que viram volumes, cores e formas. E eu vou abrindo e fechando e vendo o quão lindo é esse movimento de se criar espaço. E ele vai de A a Z e em um minuto e trinta e oito segundos vai percorrendo por arquitetos que tanto fazem a gente acreditar no deus-espaço.
Postado por: Antonio
Eu adoro concurso. Acho que é o momento em que podemos discutir, propor, se posicionar. É quando a gente sabe que muitas cabeças, uma em cada canto, se juntam pensando num mesmo objeto, num mesmo momento. É quando as idéias, todas elas sempre muito diferentes, provam que uma mesma pergunta pode ser respondida de n formas. A Revista Ímpeto (aqui se encontra sua segunda edição) propõe um corcurso de sua capa com a temática Arquitetura, Cidade e as várias faces da Sustentabilidade. Seu praço de envio é dia 15/02/2013 e o link para edital completo você encontra aqui: http://tinyurl.com/
Postado por: Antonio
Ia até o SESC. Caminhando. Era sábado de sol, mas as árvores desenhavam uma agradável sombra. O amigo com quem eu iria me encontrar furou. Normalmente isso me irrita, ele sempre fura, mas o dia estava bonito e eu relaxei.Gostei tanto da caminhada que me atrasei também para o show que pretendia ver. No caminho, os varais pendurados de Héctor Zamora me chamaram para o museu do Centro Universitário Maria Antonia da USP. Entrei. Vi, me encantei , fotografei e fui descobrir as outras exposições. Um segurança me acompanhou, precisava ter certeza de que eu não fotografaria as outras obras. Vi a 2ª, a 3ª, na última exposição decidi conversar com ele, minha única companhia no museu. O Sr. Segurança havia me perguntado se eu era artista ou professora. Disse que não, que era apenas uma pessoa. Ele riu. Perguntei se ele gostava de arte. Ele disse que sim, mas que não entendia disso, precisava que alguém lhe explicasse o que via. Eu disse que também não entendia, que via tudo, lia (as vezes) as explicações nas paredes e decidia, como uma criança espontânea, se gostava ou não. Ele me perguntou se eu tinha ido à Bienal. Disse que sim, mas só no 1º andar. Ele me perguntou se eu conhecia o Bispo do Rosário (exposto em um dos andares superiores da Bienal). Eu disse que um pouco. Me perguntou se eu sabia sua história. Disse que só sabia que viveu a vida em um manicômio fazendo sua arte. E ele então me perguntou quase saltitante: “Você quer que eu te conte tudo sobre ele? Tem um tempinho pra ouvir?”. Eu surpresa:”Claro que sim!!” E assim, um sábado de sol, um amigo furão e os varais pendurados de Zamora me levaram a uma das melhores aulas de arte que já tive, e o Sr. Segurança virou Sr. Erasmo, que com os olhinhos brilhantes e passinhos em círculo me passou de forma simples, bonita e empolgante o que um dia outro alguém lhe explicou. Que me fez ver tudo o que eu ainda não tinha visto de Bispo do Rosário. E agora eu, como uma ovelhinha do rebanho de contadores de histórias, me sinto sedenta para passar isso adiante, para apenas umas pessoas, espero de forma tão simples, bonita e empolgante como o Sr. Segurança, que se tornou Sr. Erasmo, me contou um dia.
De 29 novembro 2012 a 10 março 2013
terça a sexta, 10 às 21h
sábados, domingos e feriados, 10 às 18h
Centro Universitário Maria Antonia- USP
rua Maria Antonia, 258 e 294- São Paulo
Entrada gratúita
Incríveis acasos possíveis: aulas espontâneas com Sr. Erasmo
Postado por Taícia