Sangue, ossos & manteiga

Toda vez que termino um livro a primeira palavra que me vem à cabeça talvez seja essa mesma, terminei. Porque deixo de te-lo em páginas. Aquelas páginas que tomaram chuva, que receberam uns grifos meus, que pesaram na minha mochila por dias. Aquelas páginas brancas-amarelas com letras terminaram. Fim. Está lá, escrito fim nas páginas agora amassadas, borradas, machucadas. O livro termina em páginas mas agora estão em mim. Inteiras. Todas elas, com chuva, com risco, com peso. Todas. Em. Mim.

E foi exatamente isso o que escrevi logo em seguida do fim do livro que tinha acabado de terminar de ler. Foi no meu caderninho, dentro do ônibus com a letra trêmula da irregularidade do combo rua esburacada-ônibus capenga que eu escrevi isso. E foi ela, Gabrielle Hamilton a responsável. Ela e seu Sangue, Ossos & Manteiga. Ela escreveu sobre sua vida, seus sabores e eu fui devorando cada palavra, cada coisa linda que li ali, naquelas páginas. Eu costumo fazer de grandes mulheres que sabem contar suas histórias minhas musas e ela entrou para a lista. Porque ela cita Jo Carson (“cuidado com o que você aprende a fazer bem, porque é o que vai fazer pelo resto da vida”) e escreve petardos maravilhosos como esse: “gosto de sentir a rotina me ancorando, não me algemando. O que adoro nos italianos é exatamente o que eu também não gosto: a incrível fixação da rotina, da tradição, a conservação quase patológica do hábito (…). Foi assim que países mais antigos que o nosso se tornaram tão ricos em tradições. Repetição. Séculos de repetição.”

Grande garota.

Postado por: Antonio

Hoje fui à feira

Hoje fui à feira. Sempre adorei ir à feira. Lembro quando pequena ia com minha avó e saía com o carrinho carregado. Até calcinha minha avó me comprava na feira. Adorava todo mundo gritando, sorrindo, oferencendo todas as frutas para que eu provasse, adorava a pexinxa e a chepa no finzinho do dia. E depois de carregar meu carrinho amava parar no final da feira, sentar na sargeta e me acabar de comer pastel e tomar um caldo de cana gigante com muito gelo e limão. Cresci. Voltava das noites de carnaval e lá estava eu na feira, curando a bebedeira e indo dormir feliz. Fiquei dois anos fora, aproveitando as feiras do mundo. Sem o pastel e o caldo de cana, mas com todo o resto acontecendo da mesma forma. Amava. Voltei!

Hoje fui à feira. E não encontrei a feira. Alí estavam apenas quatro barraquinhas, uma de frutas, uma de verduras, uma de peixe e uma de pastel. Deviam ocupar não mais que 30 m emparelhadas em um só lado da rua. Ninguém gritava. Uns poucos ainda sorriam. Não tinha pexinxa nem caldo de cana. Comprei um brócoli e um pastel. Carreguei o brócoli com facilidade e levei o pastel pra comer em casa. Fiquei triste. Triste de saber que mais uma vez deixamos o espaço público para nos fechar em super casas, condominios e malls. Percebi que desde que cheguei  (há menos de uma semana) já fui três vezes ao shopping. E eu odeio shopping malls. Aliás, achei a feira ‘sobrevivente’ no caminho para o shopping de frutas. Quero voltar para as ruas. Pexinxar e rir com os feirantes. Encontrar os vizinhos, carregar o meu carrinho até que as rodas entortem de tanto peso e no fim, quero simplesmente sentar na sargeta e me acabar de comer pastel e tomar caldo de cana gigante com muito gelo e limão.

 

Today I went to the open market. I have ever loved to go there. I remember when my grandmother used to bring me to the open market. Then we used to fill her cart with tones of products. Even underwear she used to buy to me. I loved everybody shouting, smiling, offering me the fruits to try, loved to ask for discounts and the cheaper princes in the end of the day. After filling the cart until the top I loved to seat on the sidewalk enjoying a pastel (typical fried food from Brazil) and to drink sugar cane’s juice with lots of ice and lemon. I grew up. Then early in the morning, on my way back from the carnival nights, I used to stop by the open market to recover from the drinks by eating pastel and drinking sugar cane’s juice. I have spent two years abroad, enjoying the open markets in other places in Europe. Without the pastel or the sugar cane, but still with happy shouting people and all the fun one can get in the open market. I loved it all. Now I am back in Brazil.

Today I went to the open market. But I did not find an open market. Instead, I found only four tends, one selling fruits, another with the vegetables, the third selling fish and the last selling pastel. They might were occupying no more than 30m side by side along the street. None was shouting. Few were smiling. There was no negotiation or sugar cane juice. I bought a broccoli and a pastel. I carried the broccoli easily on a bag and brought the pastel to be eaten at home. I felt sad. Sad because I noticed one more time people left the public space to lock their selves in super houses, condominiums and malls. I realized that since I arrived here (less than one week ago) I have been already three times on a shopping mall. And I hate shopping malls. Actually I found the ‘survivor’ open market on the way to the fruit’s mall. I want to come back to the streets, to meet the neighbors, to fill my cart with so many items that it becomes impossible to carry. And in the end, I simply want to seat on the side walk, with my pastel and a huge sugar cane juice with lots of ice and lemon.

 

 

Postado por: Taícia

dance para mim

quando eu mais quiser, quando você menos precisar. Dance para mim daquele jeito belo e desesperado, com toda a pressa e vontade eterna do segundo mais rápido do mundo. E eu ficarei anos depois para reconstruir esse instante. Anos reconstruindo em minha mente quase doentia os movimentos bobos e aleatórios que você fez, sem querer querendo, para mim, só para mim.

Dance porque é assim que nos conhecemos e é assim que você fica mais perto do meu mundo. Porque, ao contrário do que todo mundo sempre pensa, felicidade não é viver uma grande paixão mas ter alguém que te faça sorrir com passos desengonçados e quase nenhum ritmo.

Porque só na dança eu, primeira pessoa do singular, vejo você, primeira pessoa que penso quando estou feliz. Só nela e com ela eu consigo, mesmo somente olhando, participar de um momento íntimo e intransferível. Porque eu-chão, seu-chão, não tenho como não amar seus pés firmes encima de mim. Somos a equação fácil do amor do solo com a árvore, do ritmo com a vontade de se mexer, do óbvio feijão com o arroz e da deliciosa piscadinha com o sorriso mais terno e doce que existe.

Dance olhando para baixo, fechando os olhos de leve, mexendo os braços fazendo-os desenhar o ar. Dance trocando os pés de lugar, rabiscando o mundo num mapa imaginário onde só tem sentido se você e eu, vez ou outra, nos esbarrarmos por ai. Dance aquela música indie estranha, que todo mundo só vai se acostumar com sua sonoridade daqui a um ano ou mais, porque você tem o movimento como tema e usa com isso o compasso da leveza quando quer me conquistar.

E quando eu ficar doente, dance ao pé da minha cama. E quando o mundo gritar com você, responda com o mais suave e decidido gesto de braços e pernas e cabeça e ombros e barriga e pescoço e dedos e pele e pelos. Porque é disso que o mundo precisa e é isso que eu espero de você.

E dance para mim quando acabar o nosso amor,

dance para mim para passar a minha dor,

dance sem precisar ser feliz,

sem motivo, dance, apenas dance.

 

E se eu fosse Nora Ephron faria um filme sobre você dançando. Mas não sou. Fico assim com o pedido cabal e fatal, pela última vez: dance para mim. Só para mim.

nota: fui assistir ao filme da Madonna, W.E., que não é da Nora Ephron, mas isso pouco importa. Sai de lá só pensando em dançar. E é assim que vai ser.

 

texto piblicado no malvadezas

Postado por: Antonio

Praça=Platz=Lugar

Acredito no espaço público como extensão de nossas casas. Outro dia percebi que em alemão a palavra usada para praça (Platz) é a mesma usada para lugar (Platz). Fiquei feliz e surpresa quando, no trem, me perguntaram se aquele era o meu lugar (Platz). Respondi que sim e pensei, então a praça é o meu lugar!?. Não só a praça, mas o espaço público que só tem sentido de existir quando apropriado. Era isso o que eu não encontrava na minha rotina em São Paulo e foi exatamente isso que encontrei em Berlim. Uma cidade que te aceita e aceita ser apropriada descaradamente. E hoje, quase meia noite,  encontrei um bom exemplo na apropriação da parede de trás de um supermercado. Alí, a simples projeção trouxe vida pra aquele lugar (Platz) já apagado e sem uso. E lá as pessoas paravam, olhavam, sorriam e deviam enfim seguir para suas casas, ou melhor para seus quartos, porque a cidade é a sua casa, seu lugar, seu ‘Platz’.
I believe in the public space as an extension of our homes. Other day I realized that in German the word for ‘square’ (Platz) is the same used for ‘place’ (Platz). I was surprised when, in the train, someone asked me if that was my place (Platz). I answered yes and thought, then the square is my place!? Not only the square, but the public space in general, that only makes sense when appropriated. This was what I did not have on my rotine in São Paulo. This is what I find everyday in Berlim. A city which accepts you and accepts to be insistently appropriated. Today, almost mid night, I found an example of this approppriation on the parking lot’s wall of a supermarket. There, a simple projection brought life to the already unused place (Platz). There, people stopped, watched, smiled and probably followed to home, or rather, followed to their rooms, because the city is their home, their place, their Platz.
Postado por: Taícia

Completando a frase

Eu gostaria de ser artista como Patti Smith é.

Eu gostaria de cantar como Johnny Cash cantava.

Eu gostaria de desenhar como Edward Hutchison desenha.

Eu gostaria de ler como Maria Bethânia declama suas poesias.

Eu gostaria de ser lindo como Clint Eastwood é.

Eu gostaria de ter tempo para inventar mais coisas para fazer e ver que eu não terei tempo nunca mesmo.

Eu gostaria de projetar como Lina projetava.

Eu gostaria de escrever como Chico escreve.

Eu gostaria de ser sexy como Marilyn era.

Eu gostaria de dançar como Olive dançou em Pequena Miss Sunshine mas se eu dançar como Michael Jackson também curtirei.

Eu gostaria de ter criado todas aquelas coisas genialmente simples que eu olho e penso porque eu não pensei nisso? (as ideias ridículas que qualquer-um-faria eu passo).

Eu gostaria de festas com Donna Summer tocando porque festa boa toca essa nega.

Eu gostaria de sorrir como Julia Roberts sorri.

Eu gostaria de inventar bombas com um clip e um chiclete mascado como o MacGyver inventava.

Eu gostaria de andar de bicicleta com o E.T. na cesta como Drew andou.

Eu gostaria de ser o Vagabundo beijando a Dama logo depois do melhor spaghetti com almondegas do mundo.

Eu gostaria de ser arte como Marina Abramović é.

Eu gostaria de gostar menos.

É.

E quem conhece meus gostos em frases completadas me conhece só pela metade. Porque gosto muito, mas faço um pouco mais do que gostar completando linhas pontilhadas. Porque completo linhas de um jeito torto e que muda a cada dia, mesmo eu mantendo todo mundo que gosto ali, naquele canto especial que fica na ponta dos meus dedos, com os nomes escorregando direto para a folha toda vez que completo pontos de uma linha ainda em vazio. E vejo que derramar aleatoriamente as pessoas que gosto em frases bobas que devem ser completadas faz todo sentido para mim. Porque gosto mesmo é de cantar como Olive dança, de desenhar como o Vagabundo beijou a Dama, de ler como Marilyn e seu cabelo loiro seduziam o mundo, de ser lindo como Chico escreve, de ser sexy como um inventor de bombas a base de clip e chiclete mascado, de dançar como Patti é, de criar como Johnny Cash cantava, de festejar como Edward Hutchison se diverte na frente de papel e lápis coloridos, de sorrir como Bethânia lê, de inventar a beleza que Clint Eastwood desde que nasceu tem, de andar de bicicleta como Marina se rasga com cacos de vidro, de beijar como Donna incendiava a pista, de ser artista como o E.T. numa cesta de bicicleta e de ser arte como eu gosto de gostar. Mesmo menos. Mas geralmente é mais.

É.

 

texto publicado no malvadezas.

Postado por: Antonio

Cor do céu

Eu ando pela cidade meio perdido, meio olhando para o céu.

Eu ando pela cidade cinza, procurando poesias desenhadas em suas paredes sujas e rabiscadas pelos sprays pretos comprados a vinte reais na loja da esquina. Naquela esquina da loja estranha e feia, com texturas coloridas mais feias e mais estranhas que a loja feia insiste estranhamente em vender.

Meio perdido na cidade que pouco se acha, me acho de vez em quando olhando para o céu. E comigo, a cada passo que dou, me fazendo companhia nessa cidade sozinha, vou com palavras que vão surgindo em seus caminhos sinuosos e secretos. Em seu percurso longo e conhecido, todo dia sempre igual, crio a rotina de procurar a cada dia, cada dia sempre igual, novas palavras sinuosas e longas nessa cidade estranha, suja e cinza toda vez que ando meio perdido, meio olhando para o céu.

E como em um texto solitário e angustiado eu sozinho fico andando por ai nessa cidade de duzentos bilhões de pessoas. E ela vai me dando companhia através de desenhos feitos pela luz nos recortes desse céu difícil de ser visto. Duzentos bilhões de pessoas amontoadas em prédios sujos e rabiscados com sprays que escondem, vez ou outra, meu companheiro céu quando ando meio perdido pela cidade.

Perdido. Fico cada dia mais perdido nela que sabe exatamente o que é. Sem se definir, ela vai se criando e se formando. Definida por sua não definição, a cidade me deixa perdido, e perdido me acho no redemoinho da perdição de um lugar com luzes que rendam o chão rabiscado de sujeiras e palavras produzidas e pensadas para e por ela, por duzentos bilhões de pessoas que moram amontoados em prédios que escondem seu céu.

E me sinto tão forte por ser perdido, por cada dia encontrar uma sujeira conhecia e outra nova nas poucas vezes que não olho para cima, que me acho nessa cidade que se perde em suas bilhões de definições.

Essa é a rotina que faz eu me achar em momentos que procuro palavras soltas em curvas duras de suas longas e sinuosas ruas. Rotina de uma cidade de duzentos bilhões de habitantes, muitos perdidos como eu, que se acham na sua estranheza e em seus incontáveis tons de cinza, tantos quanto as palavras e luzes perdidas dessa cidade com bilhões de ruas longas, sujas e rabiscadas.

E eu ando sempre do mesmo lado da calçada, essa é a minha rotina. E olho sempre para o céu, meio perdido na cidade construída que constrói, a cada passo meu, mais definições e desenhos com as luzes feitas pelos seus prédios altos para bilhões de pessoas morarem nela quando tapam o seu céu.

Às vezes mudo de lado da rua que todo dia passo. Que todo dia passo e faço sempre igual olhando para o céu de uma cidade definida sem definição. Às vezes mudo de lado da rua que todo dia passo para que um novo céu se abra. E uma nova cor no meu novo céu se cria nessa cidade que não cansa de não ter definição.

 

texto publicado no malvadezas.

Postado por: Antonio

 

Ci.da.de

E ele adorava cidade. Não qualquer uma nem uma específica. Tampouco todas elas. Talvez gostasse da palavra em si. Ci.da.de, sf (lat civitate) 1 Povoação de primeira categoria em um país; no Brasil, toda sede de município, qualquer que seja a sua importância. 2 Os habitantes dessa povoação: A cidade vai eleger seu prefeito. 3 O núcleo principal ou centro urbanístico dessa povoação, onde estão geralmente localizadas as casas comerciais mais importantes: Este ônibus vem da cidade. 4 Grande formigueiro de saúvas constituído de vários alojamentos ou panelas. Ou não, porque não gostava de formigas. Mas ela, sempre ela, insistia em manter a sua irredutível necessidade de existir (a mercê dele) de fato, sem palavras. Ela tinha mania de formar ambiente e ser construída e utilizada (por ele também) plenamente. E ele adorava cidade. Daquele jeito cafajeste, com sorriso no canto, sabendo que poderia dar suas escorregadas que mesmo assim ela o perdoaria. Era uma relação não só física e não só platônica. Daquelas que a gente não sabe classificar, sabe? Só sei que ele gostava e gostava justamente porque via a possibilidade de descobrir significados recônditos não evidentes através dela. E só ela ofereceria isso a ele. Só ela.

Porque nela ele andava altivo, comia na rua e com a mão bem do jeito que sua mãe não o ensinou. Livre. Livre porque bailava sua existência de fato através de seus espaços recipientes. Livre porque atuava alterando comportamentos (os seus e dos seus), dando voz para suas dúvidas, anseios, pensamentos e posições. Cantava e dançava com qualquer barulho que ouvia quando a percorria, se perdendo em suas curvas e desvendando seus segredos mais bem guardados. Livre. Quase como um pássaro que voa em paisagens cafonas que a gente recebe em PowerPoint mandados pelos pais por email.

E eles beiravam o relacionamento perfeito. Juntos mas autônomos. Ele poderia amar qualquer cidade. Ela era amada por milhares de-eles. Mas eram um do outro. Simples assim. Nem tudo é doçura, é verdade. Quando viaja é um sofrimento pra ela. Promíscuo, oferece amor por cada uma que passa. Ela sempre se envolve completamente e ele pega sua mochila surrada em busca de novos amores, novas histórias. Mas ela curte essa cafajestada, lembram? E a regra é clara segundo Arnaldo Coelho: a gente nunca se apaixona pelo bonzinho, certinho, pelo que penteia o cabelo com aquele pente que vô leva no bolso da calça. A gente ama os bonzinhos, mas não é disso que se trata. Paixão a gente tem pelos cafajestes. Tenho pra mim que ela, ou melhor todas elas, sejam de câncer. Do tipo que sofre bonito. Que sai pra dançar e beber com as amigas mas não vê a hora de chegar em casa. E seus olhos brilham toda vez que encontra ele jogado na cama lendo algum autor alemão que ninguém entende. Só ele. Ela derrete. E ele a olha como se ele tivesse aprontado. Sim, ele. Apenas com um livro de um autor com mais consoantes do que vogais. E mais ninguém.

Relação difícil, estranha, confusa, mas intensa. E toda vez que me lembro dele com ela, imediatamente me vem à cabeça desenhos. E deixo claro que sempre me lembro de desenhos quando eles estão assim, apaixonados, encantados, enlouquecidos. E desenhos de criança feitos pelo impulso e plenitude da infância. Aqueles em que a princesa tem o rosto azul, o cavalo tem três patas. Aqueles mesmos que trazem de brinde um teco do bolo de chocolate e que são cem por cento reais e cem por cento imaginação.

Mas melhor do que pensar neles é vê-los juntos. Ele com sua velha mochila suja, se encantando com suas sempre novas curvas. Ela apaixonada por esse moleque cafajeste que a deixa assim: sentindo-se única.

 

texto publicado no malvadezas.

Postado por: Antonio