Iberê camargo

A primeira vez que me lembro de ser tocado por um museu foi quando visitei o Masp e sequer consigo precisar se essa foi a primeira vez que o visitei. Mas naquela tarde (acho que tarde) mais do que ver ou gostar das obras expostas, lembro de ter amado aquele lugar, aquela arte flutuando em vidros, aquele salão imenso, aquela Paulista vista lá de cima do seu último andar daquele prédio que insiste em me apaixonar. E desde então eu amo ir a museus. A todos eles, dos pequenos, aos gigantescos.

E é com essa tinta vermelho sangue de muito amor por museus que falarei sobre o Museu Fundação Iberê Camargo, de Porto Alegre, projeto do arquiteto português Álvaro Siza.

Amo com aquele amor Almodoviano aquele prédio porque ele, por si só me paralisa. Porque ele parece um polvo explosivo que me consome, me pega e me muda. Amo aquelas aberturas que emolduram a cidade que está a sua volta transformando-a com a mesma sutileza que o Masp me mudou naquele dia, ou naquela tarde, nunca vou saber. Siza, com a precisão de um construtor de (belos)
lugares faz com que as pessoas que andam em seus corredores brancos e solitários virem mais do que sombras perambulantes atrás de um pouco de cultura, calma e paz. Até porque arte é muito mais do que cultura, calma e paz e aquele prédio me faz olhar para o tempo em si, o tempo que avança ligeiro ao mesmo tempo que consegue congelar o momento que ele foi gerado e pensado, mantendo a chama do fazer viva. Como a arte e como a arquitetura devem ser.

Imagens: Reprodução e Coletivo

Postado por: Antonio