inspiração do dia

Diretamente de Londres, da Serpentine Gallery, via Aline Nasralla.

Postado por: Antonio

Design: Móvel Boneco

Irreverência, posicionamento, participação e diversão: o móvel boneco é um móvel que, por si só, não existe. Sem a tv, ele não é nada. E sem o dono, que desenha, pinta e borda no móvel, também não. É com a participação ativa do homem, com ironia, um toque de sarcasmo e um leve sorriso no rosto, que o móvel vem para somar e se multiplicar. Agindo com uma postura nova, não precisando de grandes tecnologias, mirabolantes engrenagens ou complexas construções ele mostra que uma ideia basta. Somente ideia basta sempre.

Móvel boneco, produzido pela MiCasa

Postado por: Antonio

Alberto Giacometti

Suas esculturas finas e lânguidas discutem e guerreiam com a física o valor da matéria através do ar que as envolve. Mas são seus desenhos, carregados de tensão e tão pouco conhecidos, que nos brindam com a tênue e sofisticada relação entre espaço e matéria, quebrando a ideia de tempo onde o segundo pode durar a eternidade nos provando que o homem é seu meio, seu ato e sua marca. Tudo junto, Giacometti promove pinceladas que não se acabam e misturam fundo, espaços interstícios e modelo numa rara e linda proposição de um novo modo de discutir e materializar o muitas vezes desmaterializável espaço.

“Não é possível aproximar-se de uma escultura de Giacometti. Não espere que um seio viceje à medida que você se aproxima dele: ele não mudará, e, ao caminhar, você terá a estranha impressão de não sair do lugar”. Sartre, que tantas vezes foi retratado por Giacometti, em 1948.

Pinacoteca do Estado de São Paulo, até 17 de junho de 2012.

Postado por: Antonio

Étrange

em francês significa estranho, singular, peculiar. Acho tudo isso e acho mais: acho lindo. E depois que a Mayara me mandou essa música, não paro de escuta-las.

 

Doba e Caracol cantaram juntas até 2008 e eu já estou em depressão porque, mal as conheci e elas já se separaram.

Postado por: Antonio

Pina

Intenso, denso, teatral, pesado. Passei pelo choque, pelo riso, pelo conforto, pelo estranhamento tudo isso no mesmo espaço escuro da mesma sala de cinema que frequentemente vou. Quis sair dançando naquela noite de lá e hoje quero conquistar o mundo, quero dançar a dança estranha que rabisca o chão numa terra sem fim e sem tamanho mexendo os braços fazendo-os desenhar o ar. Quero desenhar como Pina dançava. E quero esse filme sempre ecoando dentro de mim para isso.

 

“Dance, dance … Caso contrário estamos perdidos.” Pina

 

Postado por: Antonio

Concurso: Cartaz 24º Prêmio Design Museu da Casa Brasileira

Porque nada tem mais desenho, textura, cor, sabor e graça do que feira. Nada.

Ano: 2010.

produzido em parceria com a incrível arq. Vera Luz.

 

Postado por: Antonio

Gerhard Richter,

artista alemão, nascido em 1932. Sim, 80 anos do ofício de produzir e borrar telas, colocando a tinta para dançar revelando seu processo construtivo num ato de subtração dessa matéria por e com uma grande régua de madeira. Ora abstrata, ora figurativa, ora com o movimento da tinta ora com o desfoque contemporâneo do pixel, Richter vai mapeando o ato individual do artista e o ato do observador como um gesto do vir a ser, levando o inesperado ao mais alto grau de sublime magnitude.

 

Imagens: Reprodução

Postado por: Antonio

Ci.da.de

E ele adorava cidade. Não qualquer uma nem uma específica. Tampouco todas elas. Talvez gostasse da palavra em si. Ci.da.de, sf (lat civitate) 1 Povoação de primeira categoria em um país; no Brasil, toda sede de município, qualquer que seja a sua importância. 2 Os habitantes dessa povoação: A cidade vai eleger seu prefeito. 3 O núcleo principal ou centro urbanístico dessa povoação, onde estão geralmente localizadas as casas comerciais mais importantes: Este ônibus vem da cidade. 4 Grande formigueiro de saúvas constituído de vários alojamentos ou panelas. Ou não, porque não gostava de formigas. Mas ela, sempre ela, insistia em manter a sua irredutível necessidade de existir (a mercê dele) de fato, sem palavras. Ela tinha mania de formar ambiente e ser construída e utilizada (por ele também) plenamente. E ele adorava cidade. Daquele jeito cafajeste, com sorriso no canto, sabendo que poderia dar suas escorregadas que mesmo assim ela o perdoaria. Era uma relação não só física e não só platônica. Daquelas que a gente não sabe classificar, sabe? Só sei que ele gostava e gostava justamente porque via a possibilidade de descobrir significados recônditos não evidentes através dela. E só ela ofereceria isso a ele. Só ela.

Porque nela ele andava altivo, comia na rua e com a mão bem do jeito que sua mãe não o ensinou. Livre. Livre porque bailava sua existência de fato através de seus espaços recipientes. Livre porque atuava alterando comportamentos (os seus e dos seus), dando voz para suas dúvidas, anseios, pensamentos e posições. Cantava e dançava com qualquer barulho que ouvia quando a percorria, se perdendo em suas curvas e desvendando seus segredos mais bem guardados. Livre. Quase como um pássaro que voa em paisagens cafonas que a gente recebe em PowerPoint mandados pelos pais por email.

E eles beiravam o relacionamento perfeito. Juntos mas autônomos. Ele poderia amar qualquer cidade. Ela era amada por milhares de-eles. Mas eram um do outro. Simples assim. Nem tudo é doçura, é verdade. Quando viaja é um sofrimento pra ela. Promíscuo, oferece amor por cada uma que passa. Ela sempre se envolve completamente e ele pega sua mochila surrada em busca de novos amores, novas histórias. Mas ela curte essa cafajestada, lembram? E a regra é clara segundo Arnaldo Coelho: a gente nunca se apaixona pelo bonzinho, certinho, pelo que penteia o cabelo com aquele pente que vô leva no bolso da calça. A gente ama os bonzinhos, mas não é disso que se trata. Paixão a gente tem pelos cafajestes. Tenho pra mim que ela, ou melhor todas elas, sejam de câncer. Do tipo que sofre bonito. Que sai pra dançar e beber com as amigas mas não vê a hora de chegar em casa. E seus olhos brilham toda vez que encontra ele jogado na cama lendo algum autor alemão que ninguém entende. Só ele. Ela derrete. E ele a olha como se ele tivesse aprontado. Sim, ele. Apenas com um livro de um autor com mais consoantes do que vogais. E mais ninguém.

Relação difícil, estranha, confusa, mas intensa. E toda vez que me lembro dele com ela, imediatamente me vem à cabeça desenhos. E deixo claro que sempre me lembro de desenhos quando eles estão assim, apaixonados, encantados, enlouquecidos. E desenhos de criança feitos pelo impulso e plenitude da infância. Aqueles em que a princesa tem o rosto azul, o cavalo tem três patas. Aqueles mesmos que trazem de brinde um teco do bolo de chocolate e que são cem por cento reais e cem por cento imaginação.

Mas melhor do que pensar neles é vê-los juntos. Ele com sua velha mochila suja, se encantando com suas sempre novas curvas. Ela apaixonada por esse moleque cafajeste que a deixa assim: sentindo-se única.

 

texto publicado no malvadezas.

Postado por: Antonio

Charles Bradley

Charles Bradley tem swing, amor e força em cada palavra que canta e vai passando pelas notas musicais de suas sempre lindas e dançantes músicas com a desenvoltura de um menino que desbrava águas nunca dantes navegadas. Coisa linda ver um senhor de 62 anos com folego de sobra em seu arrebatador e visceral primeiro CD.

 

Ouvindo Bradley sem parar.

Postado por: Antonio

Concurso: 6a bienal internacional de arquitetura, sp

Viver na cidade era o tema da Bienal de 2005. Pensar a cidade foi o tema do trabalho apresentado nela. E continuou sendo esse depois disso. E a cidade nunca deixará de ser suporte, produto, vontade, desenho, intenção, pensamento, estopim, fim. Sempre ela e sempre será ela. Em 2005, hoje e amanhã.

Ano: 2005

texto publicado no Vitruvius sobre a Bienal http://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.077/312

Postado por: Antonio