Mosteiro de Santa Clara – a velha

Um dos passeios que mais gosto é visitar locais históricos que passaram por alguma intervenção contemporânea. Foi uma grata surpresa nossa visita ao Mosteiro de Santa Clara – a velha, em Coimbra. Entramos sem planejar e o que encontramos foi um projeto de recuperação e arqueologia lindíssimo.

A história deste local tem início em 1314, situado às margens do rio Mondego o Mosteiro sofreu inúmeras enchentes ao longo dos séculos e em 1677 foi transferido para um novo local mais elevado e distante do rio. A partir desse momento o Mosteiro passou alagado e abandonado até 1995 quando o processo de recuperação teve início com o rebaixamento do lençol freático através do bombeamento constante da água.

Hoje, com projeto de Alexandre Alves Costa, Luis Urbano e Sérgio Fernandez o Mosteiro conta com um prédio novo (foto 1) paralelo à igreja antiga onde ficam situados a entrada, a área expositiva, banheiros, café e administração. Os acessos são feitos por rampas de concreto e passarelas de deck de madeira elevadas do solo que conduzem o visitante por um circuito à ser seguido (foto 2).

Dentro da igreja foi instalado um piso elevado de aço cortem (foto 3) que proporciona a colocação de rampas de acesso e equipamentos de iluminação sem nunca interferir na construção original.

No pátio escavado ao lado da igreja estão as instalações do antigo clausto e pátios. (foto 4)

Para saber mais acesse o site do Mosteiro: http://santaclaraavelha.drcc.pt/

 

Postado por: Tatiana

inspiração do dia

Postado por: Antonio

Eu te dedico…

Mais lindo do que ganhar livros é ganhar livros com dedicatórias. Porque a história escrita vira outra, com outros personagens, outra paisagem, outra passagem de tempo. E sempre quem escreve, escreve só para a outra pessoa, criando a ponte mais bela de todas: a que liga uma história escrita para muitos à uma história que está sendo construída só por dois. O tumblr Eu te dedico se presta a apresentar essa ligação criando, quem sabe, novos elos e novas costuras.

E amo todos os meus livros com dedicatória assim como amo todos os livros que dediquei.

Postado por: Antonio

Completando a frase

Eu gostaria de ser artista como Patti Smith é.

Eu gostaria de cantar como Johnny Cash cantava.

Eu gostaria de desenhar como Edward Hutchison desenha.

Eu gostaria de ler como Maria Bethânia declama suas poesias.

Eu gostaria de ser lindo como Clint Eastwood é.

Eu gostaria de ter tempo para inventar mais coisas para fazer e ver que eu não terei tempo nunca mesmo.

Eu gostaria de projetar como Lina projetava.

Eu gostaria de escrever como Chico escreve.

Eu gostaria de ser sexy como Marilyn era.

Eu gostaria de dançar como Olive dançou em Pequena Miss Sunshine mas se eu dançar como Michael Jackson também curtirei.

Eu gostaria de ter criado todas aquelas coisas genialmente simples que eu olho e penso porque eu não pensei nisso? (as ideias ridículas que qualquer-um-faria eu passo).

Eu gostaria de festas com Donna Summer tocando porque festa boa toca essa nega.

Eu gostaria de sorrir como Julia Roberts sorri.

Eu gostaria de inventar bombas com um clip e um chiclete mascado como o MacGyver inventava.

Eu gostaria de andar de bicicleta com o E.T. na cesta como Drew andou.

Eu gostaria de ser o Vagabundo beijando a Dama logo depois do melhor spaghetti com almondegas do mundo.

Eu gostaria de ser arte como Marina Abramović é.

Eu gostaria de gostar menos.

É.

E quem conhece meus gostos em frases completadas me conhece só pela metade. Porque gosto muito, mas faço um pouco mais do que gostar completando linhas pontilhadas. Porque completo linhas de um jeito torto e que muda a cada dia, mesmo eu mantendo todo mundo que gosto ali, naquele canto especial que fica na ponta dos meus dedos, com os nomes escorregando direto para a folha toda vez que completo pontos de uma linha ainda em vazio. E vejo que derramar aleatoriamente as pessoas que gosto em frases bobas que devem ser completadas faz todo sentido para mim. Porque gosto mesmo é de cantar como Olive dança, de desenhar como o Vagabundo beijou a Dama, de ler como Marilyn e seu cabelo loiro seduziam o mundo, de ser lindo como Chico escreve, de ser sexy como um inventor de bombas a base de clip e chiclete mascado, de dançar como Patti é, de criar como Johnny Cash cantava, de festejar como Edward Hutchison se diverte na frente de papel e lápis coloridos, de sorrir como Bethânia lê, de inventar a beleza que Clint Eastwood desde que nasceu tem, de andar de bicicleta como Marina se rasga com cacos de vidro, de beijar como Donna incendiava a pista, de ser artista como o E.T. numa cesta de bicicleta e de ser arte como eu gosto de gostar. Mesmo menos. Mas geralmente é mais.

É.

 

texto publicado no malvadezas.

Postado por: Antonio

Obra: Capela do Convento, Jundiaí

Reforma da Capela interna do Convento Feminino das Irmãs Agostinianas. A madeira do chão subiu e o crucifixo ganhou luz, base, silêncio e respeito.

Ano de execução: 2006.

Postado por: Antonio

desenhando a cidade

Eu, viciado em desenhos que enchem meus olhos, tiram meu ar e coçam minha mão, adorei a dica do Christian sobre o blog do português Claudio Patane que captura paisagens de forma sensível, pessoal, corajosa e precisa. Como todo desenho bom deve ser.

 

 

Postado por: Antonio

 

Como eu me sinto na arquitetura quando…

O tumblr Como eu me sinto na arquitetura quando… é genial. E eu sempre me identifico e, mais do que isso, fico horas rindo com ele.

Postado por: Antonio

inspiração do dia

Postado por: Antonio

Desenho: céu e linhas

Desenho em papel manteiga, lápis aquarelado e caneta preta.

Postado por: Antonio

a casa do oscar

Quero projetar como Chico escreve. Que sempre quis cantar como Oscar projeta.

 

A casa do Oscar era o sonho da família. Havia o terreno para os lados da Iguatemi, havia o anteprojeto, presente do próprio, havia a promessa de que um belo dia iríamos morar na casa do Oscar. Cresci cheio de impaciência porque meu pai, embora fosse dono do Museu do Ipiranga, nunca juntava dinheiro para construir a casa do Oscar.

Mais tarde, num aperto, em vez de vender o museu com os cacarecos dentro, papai vendeu o terreno da Iguatemi. Desse modo a casa do Oscar, antes de existir, foi demolida. Ou ficou intacta, suspensa no ar, como a casa no beco de Manuel Bandeira.

Senti-me traído, tornei-me um rebelde, insultei meu pai, ergui o braço contra minha mãe e sai batendo a porta da nossa casa velha e normanda: só volto para casa quando for a casa do Oscar! Pois bem, internaram-me num ginásio em Cataguazes, projeto do Oscar.

Vivi seis meses naquale casarão do Oscar, achei pouco, decidi-me a ser Oscar eu mesmo. Regressei a São Paulo, estudei geometria descritiva, passei no vestibular e fui o pior aluno da classe. Mas ao professor de topografia, que me reprovou no exame oral, respondi calado: lá em casa tenho um canudo com a casa do Oscar.

Depois larguei a arquitetura e virei aprendiz de Tom Jobim. Quando a minha música sai boa, penso que parece música do Tom Jobim. Música do Tom, na minha cabeça, é a casa do Oscar.

Postado por: Antonio